Freguesia de Tabuadelo

Situada na metade meridional concelhia e distando uma boa meia dúzia de quilómetros para sul da cidade sede, S. Cipriano de Tabuadelo acha-se ligada àquela através da EN 105 e de uma estrada municipal específica (derivada a partir daquela).

Compreendendo uma área de sofrível extensão, encaixada entre as das congéneres Polvoreira (a noroeste), Pinheiro (a norte)m Abação e S. Faustino de Vizela (a leste), Tabuadelo confronta agora também com o novel município de Vizela, que lhe fica a sul (S. Miguel de Caldas) e oeste (Inflas). Esta extensão de território paroquial ostenta uma topografia algo acidentada, "pousando" sobre a vertente meridional do Monte da Penha, vulgarmente conhecida por Lapinha.

Na sua parte central, onde assentam o antigo e novo templos paroquiais (e também o Paço de S. Cipriano) constitui-se como pequena planura encaixada em profundo valado.

Aí se concentram as melhores terras agrícolas da freguesia e, pela sua morfologia topográfica (em forma de "tabulado"), poderá ter dado origem ao topónimo e designação paroquial.

Não faltarão, nas fregue¬sias em redor, vestígios de antigos povoados fortificados castrejos (Castro de Polvoreira, Castro de Santo António em Pinheiro, Castro de Inflas e Devesa Escura em Abação, segundo a listagem de A.C.F. Silva).

Do domínio romano restarão vestígios conotáveis com um qualquer habitat, na actual Quinta e Casa das Lamas.

Também junto ao Paço de S. Cipriano se terão registado, segundo os seus actuais proprietários, achados de cerâmica de construção (tegula e tijolo) e outros materiais atribuíveis aos períodos romano ou alti-medieval. São bem remotas as documentadas origens paro¬quiais de S. Cipriano de Tabuadelo, "villa" e "mandamento" (com sua "ecclesia") já noticiado nos meados do século X, numa doação de Ramiro II a favor do Mosteiro de Guimarães.

Considera-se ainda o antigo templo paroquial, estrutura medieval que sofreu alterações setecentistas como se comprova pelo janelão rectangular aberto no alçado sul (junto à porta travessa).
Conserva ainda assim as respec¬tivas fiadas de modilhões lisos, o pórtico em arco apontado liso e um campanário de dupla ventana no coroamento da frontaria (elementos que, embora na tradição do românico, serão possivelmente já bastante tardios, talvez do século XV).

A aludida porta meridional apresenta também o característico recorte "antropomórfico" (com estrangulamento junto e ressalto junto à padieira), solução que nos parece baixo-medieval.
Já pelos finais dos anos setenta deste século, um investigador local aludia à extrema degradação do imóvel, nestes termos: "A Igrejinha tem agora o aspecto de templo saqueado, donde já desapareceram os altares laterais e o altar-mor está reduzido a escombros. (...)

Como seria interessante ver lá de novo instalado, no local próprio, o valioso quadro em madeira de S. Gregório Magno, obra do pintor vimaranense, António Vaz, que hoje se acha no Museu Alberto Sampaio".

A escassos metros do vetusto e desprezado templete, ergue-se por sua vez um curioso edifício habita¬cional rústico, presumivelmente secular e de curiosa implantação sobre uma penedia natural, recor¬dando soluções defensivas mediévicas (pese embora o facto de poder ser bem mais recente).
O atual templo paroquial é, por seu turno, uma estrutura do último quartel do século passado, a um gosto neoclássico pobre, apresentando uma torre sineira integrada na própria estrutura, em posição central e avançada, formando no seu piso térreo uma área vestibular com acesso pelo vão - em arco redondo - do respectivo pórtico principal.

De medianas dimensões, o imóvel desenvolve-se e, altura, surgindo matizado por um revestimento azulejar de padrão geométrico e tom azulado. Em frente, do outro lado da estrada, fica uma ampla e senhorial propriedade, de remotas origens baixo-medievais, encabeçada por uma opulenta estrutura habitacional solarenga torreada e encapelada - o Paço de S. Cipriano. Remontando a sua fundação, segundo os respectivos proprietários, ao ano de 1415, a estru¬tura habitacional solarenga apresenta no entanto uma arquitectura bastante posterior, integrando diversas alas a circular uma volumosa torre central.

Este elemento, de planta qua¬drangular e quatro pisos (dois deles "emergindo" a partir dos corpos habitacionais a ele adossados) é rematado por merlões de tipo ornamental, com chanfradura nos topos.

Embora alguns autores (nomeadamente Correia de Azevedo e o redactor do "Catálogo de Imóvel Classificados do I.P.PA.R.) afirmem tratar-se de uma torre "de raiz medieva", a verdade é a estrutura datará já dos inícios do nosso século, enver¬gando um romântico sabor neo-medieval).
Quanto às alas laterais, estas correspon-derão a obras dos séculos CVH e XVIII.

Desta última centúria é também a Capela de Santo António, templete particular anexo ao Paço e erecto a algumas dezenas de metros do edifício principal. Outro interessante solar, armoriado e de provável fábrica setecentista, é a Casa da Quinta de Lamas.

in "Silva, João Belmiro Pinto da, 'Guimarães - Nas Raízes da Identidade...', Anégia Editores, ed. lit., 1999

Fotos




 






Heráldica

O parecer da Simbologia de Tabuadelo foi aprovado pela Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos portugueses, parecer emitido nos termos na Lei nº 53/91 de 7 de Agosto, em 8 de Outubro de 2003.
Descrição:
A Coroa Mural de prata de três torres correspondem ao título de freguesia.
A bandeira de amarelo, cordão e borlas de ouro e verde.
O brasão contêm um escudo verde, uma enxada de prata encabada do mesmo e um mangual de ouro, passados em aspa, representam a agricultura existente.
Em chefe um livro aberto de prata, pintado de vermelho, corresponde ao orago da freguesia (São Cipriano), em campanha uma roda dentada de ouro representa a industria existente.
Listel branco, com legenda a negro: Tabuadelo